Todas as quintas vou relatar para vocês minhas experiências no penumbral, um lugar nem sempre agradável em que as pessoas morrem e precisam de estudo, informações e exercitar a caridade. Um dia desses, nossa irmã Laura, que é minha mentora de serviços espirituais, me levou para tocar violão no hospital materno-infantil de uma colônia espiritual acima do Penumbral... quase um plano de luz, se não fossem os socorridos em estado catastrófico.
Eu parei na porta do apartamento e vi uma mulher jovem ainda, se morreu com 35 anos era muito, estava com uma calça vermelha e uma jaqueta moderna ao lado de sua maca, o que informavam ser suas roupas de desencarne ainda apegadas na sua mente... jogadas em cima da cadeira... Pedi outra cadeira para não incomodá-la... E toquei minhas músicas de oração, meditação e harmonia interior enquanto Laura cantava.
Sharlote, era o nome dela, viveu anos difíceis na Terra, mas evoluiu o suficiente para não estar no umbral. Se não fosse um defeitinho, ela estaria muito melhor: Síndrome de Heroína. Sim, ela queria salvar a tudo e a todos incondicionalmente numa culpa codependente e compulsiva de "ajudar" até quem não queria ajuda e isso a levou a um desgaste imenso do corpo físico.
Sharlote era Norueguesa, muito rica, e perdeu a família em um acidente de avião, sobrevivendo a duras penas de um desastre. Ela se empoderou de um sentimento, desde a adolescência de salvamento compulsivo de qualquer pessoa necessitada. Filha única, herdou a mansão dos pais e seu dinheiro a deixava sem necessidade de trabalhar, por isso ela passou a fazer parte de muitas Ongs e criou uma rede social intensa de falsos amigos interesseiros que propunham sempre mais ajuda, mais problemas e mais situações de desgaste emocional.
Ela era uma linda mulher que também atraiu relacionamentos impulsivos e lamentavelmente nenhum homem soube amá-la para frear o excesso de benevolência que chegava a ser doentia.
Louis Alphonse, como mentor de projetos para a humanidade necessitada, a encontrou ainda encarnada e enviou várias mensagens de repouso e moderação nas doações financeiras. Enquanto algumas pessoas precisam de uma catástrofe para ajudar, Sharlote precisava de um freio externo para começar a moderar a generosidade que estava criança uma deseducação nas crianças de sua creche e formando cidadãos autoritários, merecidos e cheios de arrogância pelos privilégios materiais.
Portanto, Sharlote não tinha o coração aquebrantado a ouvir a voz dos bons espíritos enviados por Deus e continuou a preencher o vazio de sua vida com presentinhos para mais de mil crianças em todo o mundo e a doar toda a fortuna possível de seus pais que aplicadas geravam mais fortuna.
Por falta de família, os empregados de sua casa aproveitavam das beneces para folgar bastante e ela permanecia num vazio sem pessoas confiáveis e sinceras que pudessem lhe dar dicas verdadeiras. Seu coração inocente acreditava que todos eram inferiores seres necessitados de muita ajuda, mas até esse sentimento era uma vaidade escondida nas suas bondades que apareciam para todos aplaudirem como algo grandioso!
Nossa amada irmã, apesar do equívoco recebeu preces de todo o mundo, de pessoas sinceras e sofredoras nas privações materiais! Ela conseguia prever a necessidade, era um instrumento divino para quem precisava, por isso recebeu tantos bens materiais e uma fortuna que parecia não ter fim.
Um dia, ela se deparou com um homem alto e robusto, a beleza dela a contagiou e cega pelo desejo de ser amada por alguém, confiou nele toda sua vida financeira. Tinham 2 anos de relacionamento e ele detestava as pessoas carentes. Fingia sentimentos e seu comportamento passivo e frio, fez com que Sharlote adoecesse em busca do seu amor. Apaixonada por um psicopata social que só queria lhe roubar a fortuna, não percebia suas palavras mecanizadas e seu olhar frio diante das crianças que ajudava.
Aos poucos ele desviava seu dinheiro e encontrava suas senhas de segurança, passando tudo para um banco suíço. Friamente, ele marcou uma viagem e disse à Sharlote que estava com negócios prósperos no Alasca e precisaria passar um mês fora...
A pobre mulher, já endividada sem saber, acreditou no farsante. Porém, ao perceber que seu telefone não atendia, procurou empresas sobre seus negócios e nada sabia sobre a criatura... As informações até mesmo de sua identidade eram todas falsas.
Ela ficou 6 meses procurando o homem loucamente, não tinha recursos mais para manter as crianças e as empresas ligavam escandalizadas com a sua falência...
Adoecida, seu estado emocional foi piorando até ela detectar um câncer letal. Em mais 6 meses, sem recursos para manter remédios e terapias, vendeu tudo o que restou de sua ex riqueza e foi morrer junto aos pobres de sua cidade, para escândalo do nome de sua família.
Os bons espíritos, preocupados com a saúde mental de Sharlote, passam a ampará-la constantemente. Até o momento em que eu estava ali, no hospital espiritual tocando as músicas de terapia intensivas até que ela me chama e diz:
__Quem é você? Jovem cantor?
__Eu me chamo Shelton e venho com a irmã Laura lhe ministrar energização de musicofluido para sua saúde mental!
__Ah! Como é linda a sua música!
__ Você acordou hoje ou sabe o que aconteceu?
__ O que aconteceu? Repete Sharlote...
__Você veio para um hospital melhor que seus amigos lhe trouxeram.... (Respondi meio sem saber como dizer sobre a morte).
__Eu não tenho amigos, Shelton. Quem foram as pessoas que me fizeram essa caridade?
__ Foram seus anjos da Guarda... respondeu Laura sorridente e me olhando com um ar de deixa comigo!
__Anjos da Guarda? É alguma associação de moradores?
__Não, são espíritos de Deus que já não estão com o corpo vivo e permanecem trabalhando aqui na espiritualidade!
__Espíritos e espiritualidade? Eu to no céu?
__Bem, aqui não é um céu, mas pode se tornar assim que você se adaptar ao tratamento proposto por nosso melhor médico de musicoterapia: Dr. Louis Alphonse Cahagnet.
__Que mundo louco! Gostei, eu quero me tratar com esse francês aí... Ele também morreu igual eu?
__Todos nós, na verdade não temos mais corpo físico faz tempo! (risos sinceros e graciosos de Laura)
__Ah! Eu me sinto bem vivinha... sabe... posso ver um espelho?
__Claro que pode, vai refletir normalmente.
__Meu Deus, estou horrível! Não pareço mesmo que vim para o céu! Mas um bom creme talvez me ajude com essa pele cinzenta... né?
__ Aqui não temos cremes de pele, mas se você precisar muito.... pode usar esse aqui, plasmei para você se sentir melhor!
__ Plasmou? Ai meu Jesus Cristo! Como as coisas funcionam neste lugar?
__ Bem, cada dia aqui é um dia de luz, amor, trabalho e estudo. Aos poucos a irmã Marli poderá lhe auxiliar. Agora temos que ir, semana que vem retornamos para nova sessão de terapias! Se precisar de uma amiga, pode contar comigo e com o Shelton, seu novo amigo!
__Laura e Shelton... parecem irmãos... tão novinhos e bonitinhos! Adorei vocês! Voltem sempre!
E assim, saímos, pensando em como aproveitar a história para nossos irmãos, que ainda não aprenderam que equilíbrio e amor são coisas essenciais na vida terrena.
Volitamos até o saguão superior e refizemos nossas energias num spa para servidores do hospital!
ATÉ A PRÓXIMA, PESSOAL!