quarta-feira, 15 de julho de 2015

MATURIDADE ESPIRITUAL

Lendo vários livros espiritualizantes, percebi que todos tratam de um assunto base em nossa caminhada reencarnatória e até mesmo de evolução espiritual, que é a maturidade do espírito, ou espiritual.
Podemos estar cercados de arquétipos de maturidade racional, mas no nosso íntimo ainda somos crianças espirituais. Quando Jesus disse que deveríamos nos assemelhar à pureza das crianças, ele não disse que deveríamos nos infantilizar ad eterno. E, nas reflexões que fiz esse período de férias das atividades profissionais e tendo a responsabilidade materna por uma criança, percebi que mesmo com o conhecimento das coisas, se o espírito encarnado não parar para racionalizar e internalizar esses conhecimentos, dificilmente será capaz de praticar alguma coisa.

Nesses últimos meses, percebi que tenho evoluído. Não somente por estar lendo, mas todos os amigos e conhecidos espíritas que fazem o estudo profundo da mediunidade e se desenvolvem para trabalhar com a espiritualidade explicam que a maturação é espiritual. Um sentimento de necessidade de ser útil com Deus e não apenas para Deus faz com que nos empenhemos nessa trajetória importante de vivências crísticas e iluminadas que deixamos para trás em vidas anteriores por preguiça, má vontade, ignorância de conceitos, falta de meditação das nossas imperfeições e por não aceitar a necessidade do Criador que trabalhássemos com Ele e não simplesmente fazer uma bondadezinha de vez em quando para dizer que estávamos servindo a Ele.

Existe muita diferença entre estar com Deus o tempo todo, sentir os ensinamentos de Jesus se enraizando em nossas vidas, dia após dia e simplesmente estar servindo a ele nas horas vagas. O mestre sabia nos sentir por dentro, devido a sua maturidade espiritual que estava no ponto certo também de toda a sua encarnação. Aos atingir os 30 anos e aos 33 anos concluir a sua missão, ele nos mostrou o ponto chave da maturidade biológica para estar com Deus incessantemente e tornar a encarnação produtiva.

Dora Incontri escreve no seu livro Educação segundo o Espiritismo : " A maturidade deve ser um período de menores conflitos, de maior serenidade, de mais equilíbrio emocional. Uma fase em que o ser demonstra a plenitude de sua personalidade espiritual, enriquecida pelas experiências presentes. Mostra o grau de perfectibilidade possível na atual encarnação." (p.138)

Louis Alphonse, meu exímio mentor e querido irmão, sempre se apresenta com a forma dos 35 anos. Um dia, o questionei sobre essa escolha, se era por eu estar nesta fase de idade, ou porque ele se identifica emocionalmente mais com essa fase em sua última encarnação. E ele me respondeu que a fase madura e mais produtiva do homem na Terra atual é a dos 30 a 40 anos, depois, perde-se um pouco mais das energias joviais e os trabalhos tendem a diminuir. Ele se identifica com a madureza desta fase, pelo labor das atividades que desenvolve na espiritualidade, pela sabedoria racional de homem maduro e sereno que ele foi aos 35 anos. Depois, ele afirma que o envelhecimento trouxe o cansaço físico, as doenças próprias do desgaste biológico e o surgimento das provas orgânicas que o aperfeiçoaram espiritualmente. Achei sua observação, como sempre, muito completa. Pois, lembro de uma vez em que estávamos na cabine de passe e ele me aplicou energias de refazimento na sala, percebendo uma jovem senhora próxima a mim, que era vidente, ele se plasmou com os 78 anos...
E ficou muito diferente, diante dessa atitude ágil aos meus olhos, o questionei sobre isso. Ele sorriu, voltando à sua forma mais usual e disse que aquela minha amiga poderia se desviar no concurso aos semelhantes se ficasse parada olhando a forma física dele (bela aos 35 anos e olhos azuis) durante o trabalho de passe. Que linda maturidade do espírito de Alphonse, pensei, na hora, pois muitas vezes, nós mulheres na Terra também evitamos tirar a atenção dos nossos semelhantes quando o serviço comporta uma importância e concentrações maiores.

Dora Incontri faz mais uma análise muito feliz em seu livro acima citado, afirmando ser lamentável as pessoas muito maduras, de cabelos brancos quererem se passar por adolescentes e usar gírias, roupas da moda juvenil e outros esteriótipos que impressionem os olhos. Ela diz não ser adequado, pois gera um encarceramento em padrões psíquicos cristalizados de irresponsabilidade e desequilíbrio. 

Realmente, podemos querer ser jovens por mais tempo no corpo físico, porém, aceitar a fase certa da forma certa mostra também nossa maturidade emocional e espiritual. Estar adequado à nossa idade é fundamental para que conquistemos a consciência da etapa certa da nossa encarnação. Se chegamos à metade do nosso caminho ou mais próximo do fim da existência atual, porque se desesperar com isso? Não é verdade? Pessoas espiritualizadas e desprendidas desse mundo atual que defende uma velhice cheia de prazeres e namoricos na seresta, está deixando de valorizar aquilo que a maturidade e a velhice possuem de mais belo, e Dora Incontri nos alerta sobre essa filosofia alienante que vivemos, dizendo que a experiência de vida, o diálogo sereno, calmo e cheio de conhecimentos diversos devem caracterizar a fase madura do corpo no espírito que conquistou boas leituras de mundo e leituras teóricas bem internalizadas em sua vida. Os jovens modernos precisam de referências acolhedoras, que norteiem suas vidas e não de pais e mestres, ou evangelizadores que saiam com roupas rasgadas fazendo bagunças pela vida afora. Os adultos erram e precisam exemplificar a humildade, mostrando a necessidade de errar cada vez menos, para que a encarnação seja proveitosa.






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