Se fosse um dia comum, a mãe deixaria, claro, mas aquele dia em especial ela tinha muitos compromissos, precisava que seu filho lhe ajudasse nos afazeres de casa, pois seus irmãos foram cedo para a escola e deixaram tudo bagunçado.
__Mas, porque eu tenho que arrumar tudo sozinho? (Questionou a criança de 12 anos, caçula e muito amado pelos seus pais, não queria aceitar a responsabilidade)
__Filho, lembra do dia que você disse que adorava passear com a mamãe arrumada?
__Sim, mãe, eu lembro que íamos a uma festa.
__Pois é filho, não precisamos esperar uma linda festa para ter uma vida arrumada, uma casa arrumada, andar arrumados, o bem estar é um bem que devemos zelar antes da diversão.
O menino acatou, arrumou tudo chorando de revolta, não queria ser o filho empregado dos irmãos, sentia um sentimento de injustiça enorme crescer no seu peito, porque a bagunça foi deles. E neste momento, sua mãe fazia a comida, arrumava a cozinha e se organizava para trabalhar, cantando louvores a Deus. Ele, então, pensou... (Como ela consegue?)
Ele admirava a paz de espírito que sua mãe tinha, como sua maior beleza interior, ela dava conta de ser dona de casa, chefe de uma empresa dela mesma, coordenar pessoas por toda parte e ainda fazia aquilo que ninguém queria... para seu sucesso na vida como um todo. Sim, sua mãe era uma mulher e tanto, por isso seu pai a amava, ele pensou. Também, quem aguentaria um marido que sai cedo e volta tarde e passa finais de semana cheio de serviço, seu pai vivia para trabalhar e pagar suas escolas, pois era funcionário e não ganhava tanto assim que pudesse sobrar para uma empregada doméstica...
A hora que estava apertada o obrigou a correr, almoçar e entrar no carro de sua mãe e naquele mutismo anormal, sua mãe perguntou carinhosa:
__O que foi, filho? Está tão caladinho hoje? A casa ficou linda, sabia? Muito obrigada pela sua ajuda...
__Mãe, como você consegue? (A mãe compreendeu que o filho estava refletindo na vida, não era mais um menino que só reclamava, hoje, finalmente ele teve um pensamento adulto com a responsabilidade que ela lhe dera).
__Aprendi, filho, há muito tempo, a ouvir e respeitar os nãos de Deus. E nesses momentos que me revoltaram, eu vi que eu apenas perdia tempo. E as coisas pioravam demais... Eu tive que passar pela doença, pela dor, pelo desemprego, pelo insucesso, para compreender que meu dever primeiro é amar e servir a Deus ajudando aos outros, principalmente dentro de casa, depois que entendi isso filho, em profundidade e fé, dou louvores ao Criador de todas as coisas e todos os espíritos, todos os dias... porque no fundo, somos apenas irmãos com problemas mais ou menos semelhantes, e para ser diferente e um ser de valor, é preciso meditar nos Nãos de Deus.
O menino se admirou. Como sua mãe sabia de tanta coisa assim? Seus professores nunca falaram com ele daquele jeito tão espiritual. E então ele respondeu.
__Nossa mãe, quando eu for adulto quero ser uma pessoa assim como você. Porque vejo que nada te abala, está sempre sorrindo e ajudando as pessoas, trabalhando e cantando, eu queria poder não me revoltar com meus irmãos, porque eles são muito folgados, e não sei como eles não lhe obedecem.
__Nós nem sempre sabemos obedecer os bons conselhos dos nossos pais, nem os de Deus, nem das pessoas que Ele nos envia para nos educar, mas uma hora a vida nos cobra o tempo do Não chega e aí, nem eu, nem ninguém poderá fazer nada por eles, pois eu nada sou além de uma mãe. E a maior mãe de todos é a Vida, Ela sim, educa com a maestria dos sábios e com as dores que sensibilizam e movem milagres nas pessoas... que na verdade são os processos educativos planejados pelo Criador no tempo certo para cada um se melhorar...
__Chegamos, tchau filho, vai com Deus e fique em paz! Te amo, qualquer coisa me ligue...
E assim, Guto saiu para sua aula no sexto ano do ensino fundamental, mas sua alma, seu espírito acabava de receber lições de nível superior, que nem seus professores haviam compreendido sobre a vida ainda. Ele meditava que o valor de um homem está na sua atitude perante a vida e sua postura durante e depois dos problemas. Ele estava se tornando um homem de bem.
Pelo espírito de Louis Alphonse e Laura.